quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Carona pelo interior alagoanos - 24/01/2008

Na manhã do dia seguinte, uma carona difícil. Vimos que não haviam estradas que seguiam rio abaixo. Portanto, decidimos pular algumas cidades e ir direto para Penedo. Teríamos que passar por Olho d'Água do Casado, São José da Tapera, Olho d'Água das Flores, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha, Jaramataia e, por fim, Arapiraca. De lá, mais 3 cidades até Penedo. Ou seja, um longo trajeto. Conseguimos uma carona para a primeira cidade com uma caminhonete pau-de-arara. Fácil. Andamos alguns metros e nos posicionamos numa sombra. Lá, parou um caminhão indo pra Arapiraca, cheio de côco. Estávamos com sorte. Até que o motorista pegou um côco pra gente tomar. Segundo ele, alguns côcos, entre os mais de 6000 contidos no caminhão, não fariam diferença. Ele pegou o canivete e abriu um para bebermos. Deu partida e eu, com meu canivete, fui abri-lo. O utensílio fechou. Com meu dedo mindinho no meio. O sangue, correndo. O buraco, enorme. A angústia, de castração. Para estancar, papel higiênico. De repente, acordei com dor de cabeça forte e necessidade de deitar. Havia desmaiado e me retorcido inteiro por duas vezes, segundo posterior relato da Maíra. O motorista, desesperado. Paramos. Deitei. Um aglomerado de pessoas ao meu redor. Levaram-me pra um posto de saúde em um distrito pequeno distante da cidade. Repousei. Um curativo simples. A enfermeira disse que essa reação foi do medo de ver sangue. Não foi dessa vez que virei o Lula. Uma senhora ofereceu a casa para descansar. Dizia que seu lar era simples de mais para receber-nos. Claro, não fizemos drama algum para afirmar que queríamos ir para lá. Fomos até lá e dormi a manhã inteira. Almoçamos sua comida simples. Uma casa sem água encanada. Dormi mais um pouco depois da refeição. Levantei-me melhor. Decidimos ir para a estrada, pois seria muito incomodo permanecer ali. Na estrada, para o primeiro carro. O sujeito me olha e, sem eu dizer nada, fica comovido com os dois viajantes ali parados a seu lado. Oferece-me R$1,30. Eu recusei, dizendo que preferíamos uma carona. Se fosse pelo menos R$5,00, eu teria aceitado de súbito. Parou mais um pau-de-arara, que aceitou nos levar de carona. Colocamos as mochilas na parte de cima, amarradas por cordas. Junto estava o "gostosinho", o meu querido violão. Saímos e, após alguns minutos, dentro dos quais todos já estavam sabendo e perguntando detalhes de nossa peripécia, o gostosinho resolve alçar vôo. Como ele não tem asas, estatalou na estrada e se arranhou. Sai correndo atrás dele. O carro, foi buscar-me em sua marcha ré. Após um breve exame, vi que ele também havia se assustado à toa. Foram duas lascas a menos e uma peça descolada. Seu som não ficou prejudicado. Definitivamente, havia me dado conta que aquele era um dia de silêncio. A cada cidade que passávamos, eu dizia seu nome. Um dos passageiros ficou abismado com minha sabedoria. Decido contar-lhe o segredo. Em toda entrada de cidade, há um letreiro enorme com o nome da mesma. Bastava-me ler o nome e pronunciá-lo. O rapaz se satisfez com minha explicação.

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